Quatro empresas de Tatuí, no interior de São Paulo, são investigadas suspeitas de movimentar milhares de reais em esquema de contrabando de ouro ilegal da Amazônia. Levantamento mostra a dimensão do valor em relação ao orçamento das pastas do poder público.
As investigações apontam que as empresas movimentaram mais de R$ 128,8 milhões com a compra de ouro com notas fiscais falsificadas de leilões da Caixa Econômica Federal. O minério era repassado para uma exportadora e, posteriormente, comercializado em países como Dubai, Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos. A Lei Orçamentária Anual (LOA) do município para o ano de 2023 foi fixada em R$ 572,9 milhões, com aumento de 29,6%. Estes recursos são destinados a 11 secretarias, Câmara Municipal, TatuíPREV e Fundação Manuel Guedes. O levantamento também mostra que o valor adquirido pelas empresas com ouro clandestino (R$ 128,8 mi) representa 22,4% da LOA de 2023 para o município que possui 124.134 pessoas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O montante de ouro adquirido pelas empresas representa 85% do orçamento anual destinado à Secretaria de Saúde de Tatuí, que empenhou R$ 151,4 milhões para a pasta. Já em relação ao setor da educação, o valor movimentado pelo esquema criminoso representa 68,6%. Confira abaixo o levantamento:
Secretaria de Governo e Negócios Jurídicos: R$ 11,9 mi (1082,3%)
Secretaria de Administração e Transportes Públicos: R$ 10,5 mi (1226,67%)
Secretaria de Fazenda, Finanças, Planejamento e Trabalho: R$ 51,3 mi (251%)
Secretaria de Saúde: R$ 151,4 mi (85%)
Secretaria de Educação: R$ 187,7 mi (68,6%)
Secretaria de Obras e Infraestrutura: R$ 19,7 mi (653,8%)
Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social: R$ 8,2 mi (1570,7%)
Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente: R$ 7,6 mi (1694,7%)
Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer: R$ 7 mi (1840%)
Secretaria de Segurança Pública e Mobilidade Urbana: R$ 22,4 mi (575%)
Secretaria de Serviços Públicos e Zeladoria: R$ 28,3 mi (455,1%)
Secretaria de Direitos Humanos, Família e Cidadania: R$ 840 mil (15333,3%)
Câmara Municipal: R$ 13,56 mi (949,8%)
Fundação Manoel Guedes: R$ 2,45 mi (5257,1%)
TATUIPREV: R$ 49,6 mi (259,6%)
Investigação
Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que empresas de Tatuí (SP) movimentaram mais de R$ 128,8 milhões com a compra de ouro clandestino da Amazônia. Na quarta-feira (15), policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços dos suspeitos.
Os alvos da operação são investigados por participarem de um esquema milionário de contrabando de ouro clandestino da Amazônia para o exterior. Os principais destinos de comercialização do minério eram países como Dubai, Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos.
Conforme apontam as investigações, quatro empresas de Tatuí - sendo três delas pertencentes a um casal e a filha - são suspeitas de adquirirem mais de R$ 128,8 milhões de ouro com notas fiscais falsificadas de leilões da Caixa Econômica Federal.
O ouro adquirido de forma ilegal, posteriormente, teria sido transferido para uma empresa da capital paulista, que exportou aproximadamente R$ 193,5 milhões do minério para uma importadora dos Estados Unidos.
Três das empresas investigadas estão cadastradas como joalherias na Receita Federal. Já a quarta, registrou-se como atividade principal o comércio de cereais e leguminosas.
O processo aponta ainda que uma contadora de Tatuí é responsável pela contabilidade de três das empresas investigadas.
Conforme apurado, as três empresas pertencentes à uma família declararam o mesmo número de telefone no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) à Receita Federal. Apesar disto, os endereços são diferentes.
Comments