Falta de medicamentos, cuidadores e tratamentos afeta crianças e adultos com autismo em Tatuí.
- Rádio Notícias
- 23 de abr.
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Famílias de crianças e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) enfrentam uma realidade dura e preocupante na cidade de Tatuí. Segundo denúncias apresentadas por pais e responsáveis, há meses não recebem medicamentos essenciais nem os tratamentos necessários para garantir qualidade de vida e desenvolvimento às pessoas com autismo.
Dona Sônia, de 61 anos, cuida sozinha do neto de seis anos que foi diagnosticado com autismo. Sem conseguir um cuidador escolar desde o ano passado, ela se vê obrigada a passar cerca de quatro horas e meia por dia sentada em frente à escola do menino, temendo uma crise repentina. “Eu tenho que ficar na frente da escola, sentada... tenho medo de dar uma crise e eu não estar perto e ninguém me avisar”, conta emocionada.
A situação, segundo ela, é agravada pela falta de eficácia das medicações que, sem acompanhamento especializado, não são ajustadas adequadamente. O neto de Sônia é apenas um entre centenas de casos na cidade.
Além da ausência de cuidadores, mães relatam a falta de medicamentos e a suspensão precoce dos tratamentos. O grupo “Te Acolhendo”, que reúne cerca de 210 mães e familiares de pessoas com autismo, vem mobilizando ações para exigir os direitos dos seus filhos. “O CIR [Centro Integrado de Reabilitação] está oferecendo apenas seis meses de tratamento para crianças com TEA. Depois disso, elas recebem alta, o que é um absurdo. Isso vai contra a legislação”, denuncia Melissa, coordenadora do grupo.
Outro problema grave relatado por essas famílias é a ausência de um psiquiatra na rede municipal. Há um ano e meio, não há atendimento especializado na área, mesmo com crianças que necessitam de medicações controladas.
Flávia, mãe de uma menina autista de 11 anos, relata que sua filha está há oito meses sem remédios e há onze meses sem fraldas fornecidas pelo município. “Ela tem epilepsia, esquizofrenia, apneia do sono. Pesa 90 quilos e está sem nenhum medicamento”, desabafa. A situação coloca a saúde da criança em risco iminente.
Rosângela, mãe de Israel, um homem de 31 anos com síndrome de Noonan e autismo, também sofre com a falta de medicamentos. “Ele toma mais de 30 remédios. Agora estamos no grito de socorro”, afirma.
Respostas das autoridades
A Prefeitura de Tatuí declarou, em nota, que acompanha os casos e afirmou que todos os medicamentos da tabela do SUS foram entregues. Já os que exigem processo de compra especial estariam “em andamento”. Também informou que há 169 cuidadores para atender até 500 crianças na rede municipal e que um novo processo de contratação está em curso.
No entanto, a Prefeitura não respondeu diretamente sobre os casos específicos mostrados na reportagem.
A Câmara de Vereadores de Tatuí, por sua vez, informou que está atenta às reivindicações do grupo de mães e aprovou um requerimento convocando os secretários de Saúde, Educação e Direitos Humanos para prestar esclarecimentos. A sessão extraordinária foi marcada para o dia 25 de abril, às 15h, e será aberta ao público.
Pais cobram ação efetiva
Durante o jornal TN1, o sentimento transmitido por pais e responsáveis era de frustração e abandono. “Não estão pedindo favor, estão exigindo um direito garantido por lei”, afirmou a reportagem. As famílias se sentem obrigadas a implorar por atendimento básico, enquanto autoridades, segundo eles, permanecem inertes.
A equipe do jornal reforçou que acompanhará de perto a sessão na Câmara e que seguirá cobrando as autoridades locais por ações concretas.

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